15 de outubro de 2011

* Evangelho segundo São Mateus 22, 15-21.

Naquele tempo, os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. 

 Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes, para dizerem a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?”

Jesus percebeu a maldade deles e disse: “Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? Mostrai-me a moeda do imposto!” Levaram-lhe então a moeda. 

E Jesus disse: “De quem é a figura e a inscrição desta moeda?” Eles responderam: “De César”. Jesus então lhes disse: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.


Dai a César o que é de César

A região da Judéia foi conquistada em 63 a.C. por Roma, e desde então o pagamento de tributos era feito ao imperador romano. O imposto era o maior sinal de dominação, e esse fato gerava muita polêmica entre os partidários de Herodes (governador) e os fariseus (Templo) que acreditavam que pagar tributos ao imperador romano era o mesmo que reconhecer César como senhor e dono do povo, uma autoridade que tinha poder sobre tudo e sobre todos.

A pergunta dos fariseus dirigida a Jesus é uma armadilha: no caso de Ele admitir o pagamento, poderia ser considerado colaborador do império romano; caso contrário poderia ser denunciado às autoridades por subversão.

Jesus, porém, responde com sabedoria. Ele não aprova a dominação do imperador sobre o povo, mas reconhece a competência e os direitos do governo quando diz: “devolvam a César o que é de César”, mas deixa claro também que os direitos de Deus são superiores e devem ser respeitados, “devolvam a Deus o que é de Deus”.

Ao imperador pertencem as moedas do imposto onde a sua imagem é impressa, porém, até mesmo ele deve submeter-se às leis de Deus, cuidando com justiça de seu povo. Só Deus pode ser considerado Senhor das pessoas e do mundo, e ninguém mais, pois em cada um foi estampada a Sua imagem dando liberdade e vida a cada um.

Para Jesus o importante é que o homem reconheça a Deus como único Senhor. É a Deus que ele deve submeter-se, pois só Ele é o Senhor absoluto de tudo e de todos, e só Ele governa o seu povo com justiça e liberdade.

Jesus também ensina que o dinheiro é necessário na vida das pessoas, mas o Reino de Deus e uma vida feliz só se adquirem com o amor e a graça do Pai.

Coisas lícitas e ilícitas

Os fariseus buscavam, sem trégua, desacreditar Jesus diante do povo ou colocá-lo numa situação complicada, de modo a terminar encarcerado pelas tropas romanas. Uma declaração comprometedora saída de sua boca seria uma boa cilada. Por isso, enviaram para armar-lhe ciladas alguns de seus discípulos acompanhados de judeus partidários de Herodes, simpatizantes do poder romano. É bom recordar o ódio que os fariseus nutriam por estes dominadores estrangeiros.

Os emissários agiram com extrema esperteza: trataram Jesus de maneira cortês, louvando-lhe os ensinamentos e a coragem, vendo que não se deixava amedrontar por ninguém. Além disso, apresentaram-se como judeus piedosos, cheios de escrúpulos de consciência.

Propuseram ao Mestre a questão da liceidade ou não de pagar o tributo a César. Jesus, porém, deu-se conta da hipocrisia deles travestida de piedade. Por isso, ofereceu-lhes uma resposta que os deixou confundidos.

Em última análise, a resposta do Mestre serve ainda hoje para discernirmos o lícito e o ilícito. Qualquer coisa é lícita, desde que compatível com o projeto de Deus. O que fere este projeto é ilícito e deve ser rejeitado por quem aderiu ao Reino e procura pautar-se por ele.

Tomando Deus como ponto de referência, é possível determinar, em cada caso concreto, o que é ou não é permitido. Bastava, pois, que os emissários dos fariseus aplicassem este critério à questão do tributo a ser pago ao imperador romano.

Oração

Pai,
por reconhecer-te como centro de minha vida,
ensina-me a submeter tudo a ti,
e a rejeitar o que pretende polarizar
minhas atenções.

Padre Jaldemir Vitório


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