O Filho do Homem veio para dar a
sua vida como resgate para muitos.
Naquele tempo:
Tiago e João, filhos de Zebedeu,
foram a Jesus e lhe disseram:
'Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir'.
Ele perguntou:
'O que quereis que eu vos faça?'
Eles responderam:
'Deixa-nos sentar um
à tua direita e outro à tua esquerda,
quando estiveres na tua glória!'
Jesus então lhes disse:
'Vós não sabeis o que pedis.
Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?
Podeis ser batizados com o batismo
com que vou ser batizado?'
Eles responderam: 'Podemos'.
E ele lhes disse:
'Vós bebereis o cálice que eu devo beber,
e sereis batizados com o batismo
com que eu devo ser batizado.
Mas não depende de mim conceder
o lugar à minha direita ou à minha esquerda.
É para aqueles a quem foi reservado'.
Quando os outros dez discípulos ouviram isso,
indignaram-se com Tiago e João.
Jesus os chamou e disse:
'Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem
e os grandes as tiranizam.
Mas, entre vós, não deve ser assim:
quem quiser ser grande, seja vosso servo;
e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.
Porque o Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para servir
e dar a sua vida como resgate para muitos'.
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!
NÃO DOMINAR, MAS SERVIR ...
Reaparece hoje um assunto com o qual já nos encontramos nas páginas do Evangelho. E a ambição dos apóstolos de ocuparem os melhores lugares no reino do Messias. Eram ainda tão imperfeitos!
Não descera ainda sobre eles o Espírito Santo. E desta vez Tiago e João vem apresentar explicitamente a Jesus sua pretensão. Vêm acompanhados de sua mãe, Salomé, esposa de Zebedeu. E, na redação de Mateus, é ela própria quem faz o pedido: "Dize que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e outro à tua esquerda no teu reino" (Mt. 20,21). É quase comovedor ver essa humilde mulher do povo pedir para os seus filhos o que lhe parecia ser o melhor para eles. Não estava pensando em responsabilidades de governo. Estava deslumbrada com a ideia de ver seus filhos sentados nos lugares de mais alta distinção no esplendor da corte. Já os antigos padres sabiam desculpar a audácia dessa mulher, que seguia os impulsos de seu coração materno.
A resposta de Jesus é da mais alta sabedoria: "Não sabeis o que estais pedindo! Podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados no batismo em que eu vou ser mergulhado?" (Mc. 10,38). Eles, na ânsia de ver atendido o que haviam pedido a Jesus, respondem que sim, sem nem bem compreender o alcance das palavras do Mestre. O cálice que Ele ia beber era o cálice dos sofrimentos da Paixão. Embora a palavra "cálice" se encontre usada muitas vezes como imagem para indicar a alegria - aliás, nós mesmos falamos em "taça dos prazeres" - o uso dos profetas consagrou a palavra para dizer de preferência o sofrimento, como quando se referem à taça da ira de Deus (Is. 51,17). Na agonia do Getsêmani, Jesus vai pedir ao Pai que - se possível – afaste dele o amargo cálice da Paixão, colocando, porém, acima de tudo, a vontade do Pai. E Jesus vai beber esse cálice até o fim. Da mesma forma o "batismo" em que Ele vai ser batizado é a imagem do mar de sofrimentos em que vai ser mergulhado.
Tiago e João eram corajosos. Jesus lhes havia dado até o curioso apelido de "Boanerges" que quer dizer "filhos do trovão" (Mc. 3,17); mas certamente nessa hora não sabiam o que estavam aceitando. Jesus aceitou sua oferta.
Tiago morreu decapitado no ano de 44, por ordem de Agripa I. E João, embora tenha vivido mais que todos os apóstolos e tenha morrido no exílio da ilha de Patmos em idade muito avançada, passou também pelos tormentos do martírio. Há em Roma uma igreja dedicada a São João "ante Portam Latinam" - porque fica justamente em frente à porta Latina - onde ele foi mergulhado numa caldeira de óleo fervendo, sobrevivendo só por milagre de Deus. Encontra-se testemunho disso em São Jerônimo e em Tertuliano.
É fácil calcular quanto as pretensões de Tiago e João tenham sido mal recebidas pelos outros apóstolos. Eles se irritaram grandemente contra os dois filhos de Zebedeu. Foi preciso que Jesus os chamasse a todos e fizesse cair sobre eles as palavras de uma alta lição: "Sabeis como procedem os chefes das nações. Tratam-nas como senhores, e seus grandes exercem poder sobre elas. Convosco não há de ser assim. Aquele que quiser ser grande, seja o vosso servo, e quem quiser ser o primeiro, obedeça a todos os outros". E coroou com esta sublime declaração: "Porque o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc. 10,42-45).
A Igreja guarda essa lição de Jesus com o maior carinho. E todo cristão sincero sabe que não está no mundo para dominar e subjugar os outros. Sabe, inclusive, que, quando ocupa um alto cargo na comunidade, não é para se prevalecer de seu poder, mas para estar a serviço de todos.
Como que para comemorar a bela lição de Jesus, há uma praxe singular na Igreja: Em certos documentos da maior importância, o Papa se intitula "Servo dos servos de Deus". A bula da convocação do Concílio Vaticano, por exemplo, do Papa João XXIII, começa assim: "João, bispo, Servo dos Servos de Deus, para perpétua memória do acontecimento". Somos todos servos de Deus. E o papa quer estar a serviço de todos nós. Autoridade serviço. Isso é cristianismo!
Padre Lucas de Paula Almeida, CM – Homilia Dominical
Tiago e João, filhos de Zebedeu,
foram a Jesus e lhe disseram:
'Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir'.
Ele perguntou:
'O que quereis que eu vos faça?'
Eles responderam:
'Deixa-nos sentar um
à tua direita e outro à tua esquerda,
quando estiveres na tua glória!'
Jesus então lhes disse:
'Vós não sabeis o que pedis.
Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?
Podeis ser batizados com o batismo
com que vou ser batizado?'
Eles responderam: 'Podemos'.
E ele lhes disse:
'Vós bebereis o cálice que eu devo beber,
e sereis batizados com o batismo
com que eu devo ser batizado.
Mas não depende de mim conceder
o lugar à minha direita ou à minha esquerda.
É para aqueles a quem foi reservado'.
Quando os outros dez discípulos ouviram isso,
indignaram-se com Tiago e João.
Jesus os chamou e disse:
'Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem
e os grandes as tiranizam.
Mas, entre vós, não deve ser assim:
quem quiser ser grande, seja vosso servo;
e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.
Porque o Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para servir
e dar a sua vida como resgate para muitos'.
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!
NÃO DOMINAR, MAS SERVIR ...
Reaparece hoje um assunto com o qual já nos encontramos nas páginas do Evangelho. E a ambição dos apóstolos de ocuparem os melhores lugares no reino do Messias. Eram ainda tão imperfeitos!
Não descera ainda sobre eles o Espírito Santo. E desta vez Tiago e João vem apresentar explicitamente a Jesus sua pretensão. Vêm acompanhados de sua mãe, Salomé, esposa de Zebedeu. E, na redação de Mateus, é ela própria quem faz o pedido: "Dize que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e outro à tua esquerda no teu reino" (Mt. 20,21). É quase comovedor ver essa humilde mulher do povo pedir para os seus filhos o que lhe parecia ser o melhor para eles. Não estava pensando em responsabilidades de governo. Estava deslumbrada com a ideia de ver seus filhos sentados nos lugares de mais alta distinção no esplendor da corte. Já os antigos padres sabiam desculpar a audácia dessa mulher, que seguia os impulsos de seu coração materno.
A resposta de Jesus é da mais alta sabedoria: "Não sabeis o que estais pedindo! Podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados no batismo em que eu vou ser mergulhado?" (Mc. 10,38). Eles, na ânsia de ver atendido o que haviam pedido a Jesus, respondem que sim, sem nem bem compreender o alcance das palavras do Mestre. O cálice que Ele ia beber era o cálice dos sofrimentos da Paixão. Embora a palavra "cálice" se encontre usada muitas vezes como imagem para indicar a alegria - aliás, nós mesmos falamos em "taça dos prazeres" - o uso dos profetas consagrou a palavra para dizer de preferência o sofrimento, como quando se referem à taça da ira de Deus (Is. 51,17). Na agonia do Getsêmani, Jesus vai pedir ao Pai que - se possível – afaste dele o amargo cálice da Paixão, colocando, porém, acima de tudo, a vontade do Pai. E Jesus vai beber esse cálice até o fim. Da mesma forma o "batismo" em que Ele vai ser batizado é a imagem do mar de sofrimentos em que vai ser mergulhado.
Tiago e João eram corajosos. Jesus lhes havia dado até o curioso apelido de "Boanerges" que quer dizer "filhos do trovão" (Mc. 3,17); mas certamente nessa hora não sabiam o que estavam aceitando. Jesus aceitou sua oferta.
Tiago morreu decapitado no ano de 44, por ordem de Agripa I. E João, embora tenha vivido mais que todos os apóstolos e tenha morrido no exílio da ilha de Patmos em idade muito avançada, passou também pelos tormentos do martírio. Há em Roma uma igreja dedicada a São João "ante Portam Latinam" - porque fica justamente em frente à porta Latina - onde ele foi mergulhado numa caldeira de óleo fervendo, sobrevivendo só por milagre de Deus. Encontra-se testemunho disso em São Jerônimo e em Tertuliano.
É fácil calcular quanto as pretensões de Tiago e João tenham sido mal recebidas pelos outros apóstolos. Eles se irritaram grandemente contra os dois filhos de Zebedeu. Foi preciso que Jesus os chamasse a todos e fizesse cair sobre eles as palavras de uma alta lição: "Sabeis como procedem os chefes das nações. Tratam-nas como senhores, e seus grandes exercem poder sobre elas. Convosco não há de ser assim. Aquele que quiser ser grande, seja o vosso servo, e quem quiser ser o primeiro, obedeça a todos os outros". E coroou com esta sublime declaração: "Porque o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc. 10,42-45).
A Igreja guarda essa lição de Jesus com o maior carinho. E todo cristão sincero sabe que não está no mundo para dominar e subjugar os outros. Sabe, inclusive, que, quando ocupa um alto cargo na comunidade, não é para se prevalecer de seu poder, mas para estar a serviço de todos.
Como que para comemorar a bela lição de Jesus, há uma praxe singular na Igreja: Em certos documentos da maior importância, o Papa se intitula "Servo dos servos de Deus". A bula da convocação do Concílio Vaticano, por exemplo, do Papa João XXIII, começa assim: "João, bispo, Servo dos Servos de Deus, para perpétua memória do acontecimento". Somos todos servos de Deus. E o papa quer estar a serviço de todos nós. Autoridade serviço. Isso é cristianismo!
Padre Lucas de Paula Almeida, CM – Homilia Dominical
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