6 de outubro de 2012

*Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 10, 2-16.



Domingo, 7 de outubro de 2012.

Naquele tempo, alguns fariseus se aproximaram de Jesus. Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher.

Jesus perguntou: “O que Moisés vos ordenou?” Os fariseus responderam: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la”.

Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento. No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!”

Em casa, os discípulos fizeram, novamente, perguntas sobre o mesmo assunto.  Jesus respondeu: “Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. E, se a mulher se divorciar de seu marido e casar com outro, cometerá adultério”.

Depois disso, traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam.  Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”.  Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor!

No tempo de Jesus, o judaísmo concedia ao marido o direito de dissolver legalmente o matrimônio com sua esposa apenas “se depois ele não gostar mais dela, por ter visto nela alguma coisa inconveniente” (Deuteronômio 24,1). Alguns achavam que a expressão “alguma coisa inconveniente” seria no caso de adultério; para outros, porém, bastava que a mulher não cozinhasse a seu gosto. A pergunta feita a Jesus foi com a intenção de envolvê-lo nesta divergência que havia entre os rabinos da época.

Na resposta, Jesus atribui a prescrição de Moisés à “dureza do coração”, mas deixa bem claro que está em desacordo com a vontade do Pai, a qual pressupõe inteira igualdade entre o homem e a mulher, unidos pelo amor, pois só há amor entre pessoas iguais. Se Deus os criou para que fossem “não... dois, mas uma só carne” (Gênesis 2,24), conclui que “o que Deus uniu, o homem não deve separar”.

É assim que o Senhor reconduz o matrimônio ao seu sentido original como aliança de amor, abençoada por Deus, e com vocação de santidade. Não aceita entrar na briga dos rabinos judeus que falavam de preceitos legais. Ele apresenta um horizonte bem mais amplo, como um Idea e, uma meta a serem alcançados.

Em casa, com os discípulos, Jesus vai muito além da lei de Moisés e faz referência ao compromisso dos esposos como uma questão moral, que envolve a consciência deles, porque ambos são igualmente responsáveis por uma união que deve crescer sempre. A prescrição de Moisés, portanto, é apenas uma norma humana e, nessa perspectiva, o divórcio não tem sentido para quem se guia pela fé.

PALAVRA DE DEUS NA VIDA ...

Não há como ignorar as dificuldades que existem hoje no relacionamento dos casais e na vivência do respeito, da fidelidade e do amor na vida conjugal.

O entorno social transmite um modo de vida imediatista, superficial, à procura constante de novas sensações, sem compromisso, nem sacrifício, nem projeto comum de vida. Como conseqüência, o divórcio passou a ser uma realidade em nossa cultura. Para muitos jovens a possibilidade de desmanchar, no futuro, seu casamento os impede de entregar-se a um amor mais pleno e isto prejudica a confiança em si mesmos e no parceiro.           

Diante desta realidade, a proposta de Jesus é realmente exigente quando mostra que a vontade de Deus é o amor fiel à imagem do amor que Ele tem por nós.

Se o desígnio de Deus é a permanência no amor, o amor humano precisa ser levado a sério porque ele está chamado a ser sinal de um amor muito maior do que o amor dos esposos, que é o amor de Deus por nós: um amor fiel, para sempre e doador de vida. O amor sério dos esposos é sinal do amor de Deus que se concretiza no sacramento do matrimônio como comunhão de vida entre um homem e uma mulher, livres e essencialmente iguais em natureza e dignidade.

Quando há dificuldade em levar à frente este ideal de vida, haverá de se buscar a fonte originária do amor comum ou a forma dialogada de convivência satisfatória, refletindo sobre a palavra do Senhor “o que Deus uniu, o homem não deve separar” a fim de evitar o divórcio que é mais um fracasso e uma fuga do que uma solução. O divórcio parece eliminar o conflito que não foi possível resolver, mas as pessoas continuam a carregar aqueles problemas não resolvidos que provocaram a desunião e, provavelmente, irão se repetir e manifestar, de novo, em futuras uniões.

A atitude da comunidade cristã diante destes casais tem que ser de compreensão, reconhecendo o fato de que, aquilo que deveria ser, às vezes não pode ser “por causa da dureza do coração” ou por outros muitos motivos que ninguém deve julgar. Ela tem o dever de acolhê-los para que continuem sentindo-se parte integrante da Igreja mesmo que tenham partido para uma segunda união.

Quem sabe se, imitando a atitude de Jesus que nunca impediu ninguém de sentar-se à mesa para comer com Ele, não deveríamos rever certa visão teológica que impede as pessoas divorciadas de participar da Eucaristia?

A Pastoral da Segunda União é uma ação realista que, cada vez mais, vai tomando força ao lado da Pastoral Familiar.

PENSANDO BEM...

+ Muitos casais encontram cada vez mais dificuldade em viver juntos por muito tempo. Para não fazer da vida familiar um inferno, o divórcio pode parecer uma solução e alguns o justificam como o “direito” de ter uma nova oportunidade na vida para serem felizes. Eles até que podem tentar, sem dúvida..., mas, infelizmente, os filhos não (não tem como escolher outros pais...). Com tal instabilidade, os desequilíbrios familiares são visíveis especialmente do lado mais fraco, que são os filhos. Crianças, adolescentes e jovens, crescem envolvidos pela ansiedade, quando o relacionamento dos pais não lhes oferece segurança alguma.

+ A melhor saída (e talvez a mais difícil) é o casal fazer uma sincera autocrítica para corrigir o rumo errado que foi tomando a sua convivência conjugal e redescobrir a fonte do amor primeiro que os uniu, voltando-se para Deus e revitalizando a graça do Sacramento do Matrimônio que receberam... Isto pode servir em se tratando de pessoas de fé, é claro... (sem fé... as coisas ficam bem mais difíceis).

http://www.osabrasil.org
Ordem de Santo Agostinho-Federação Agostiana do Brasil


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