1º Domingo do Advento – Domingo 01 de dezembro de 2013 ...
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos: “A vinda do Filho do Homem será
como no tempo de Noé. Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebiam,
casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles
nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá
também na vinda do Filho do Homem.
Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será
deixado.Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será
deixada.
Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor.
Compreendei bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão,
certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.
Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o
Filho do Homem virá”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!
É este o primeiro Domingo do Advento, o tempo de quatro semanas que nos prepara
para o Natal do Senhor. Tudo, na Liturgia nos ajudará nessa santa preparação,
na santa espera, cheia de esperança: o roxo significa a vigilância de quem
aguarda, a moderação das flores ajuda-nos a concentrar nossa atenção naquele
que vem, o “Glória” não cantado prepara-nos para cantá-lo como novidade na
Noite Santa do Natal. Os sentimentos do nosso coração devem ser a vigilância, a
piedade humilde de Maria Virgem, de José, dos pastores, de Simeão, Zacarias e
Isabel, o espírito de conversão anunciado por João Batista, o sonho de um mundo
“cheio da sabedoria do Senhor como as águas enchem o mar” (Is 11,9), como
Isaías profetizou… Aproveitemos essas quatro semanas tão doces, que recordam a
espera de Israel e da humanidade pelo Messias!
Nos textos bíblicos que a Igreja hoje nos propõe, o Senhor sonda as angústias e
saudades do coração humano e nos fala precisamente da esperança: ele é o Deus
que vem ao encontro dos nossos anseios mais profundos… Mas também nos exorta a
vigiar, a nos preparar para acolher o Dom esperado. Aliás, é esta a miséria do
mundo atual: busca a paz, procura a vida, mas não busca naquele que é a
saciedade do nosso coração e a salvação da nossa existência. O homem tem sede e
Deus, misericordiosamente envia-lhe a água, que é o Messias… e o nosso mundo
não o reconhece; antes, renega-o!
Vejamos se não é assim; recordemos a palavra do Profeta: “Acontecerá nos
últimos tempos que o monte da casa do Senhor estará firmemente estabelecido no
ponto mais alto das montanhas. A ele acorrerão todas as nações, para lá irão
povos numerosos, porque de Sião provém a lei e de Jerusalém, a Palavra do
Senhor”. Vejamos bem: de Israel, Deus prepara uma salvação, uma luz, uma
direção para toda a humanidade. O homem sozinho não encontra o caminho, por
mais que teime em se julgar grande e auto-suficiente. À nossa pobreza, o Senhor
vem com uma promessa tão grande. E, se o coração da humanidade acolher a
salvação que vem, a luz que brilha, então, encontrará a paz: “Ele há de julgar
as nações e numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e suas
lanças em foices: não pegaram em armas uns contra os outros em não mais
travarão combate”. Eis a promessa de Deus: dá-nos a salvação; eis o sonho do
Senhor: encontrar uma humanidade que acolha o Salvador, dele bebendo a paz!
No nosso mundo, ferido, cansado, incerto… mundo que já não mais crê de verdade
em nada, a promessa do Senhor é como um alento. Acreditemos, irmãos! Quão
triste o mundo se os cristãos viverem sem esperança, sem certeza, sem ânimo,
como os pagãos… Este Tempo do sagrado Advento quer levantar nosso ânimo: o
Senhor, cujo Natal celebraremos dentro de quatro semanas, é o mesmo que virá um
dia, na sua manifestação gloriosa! Nossa vida tem rumo e sentido.
Vigiemos: “Vós sabeis em que tempo estamos! Já é hora de despertas. Agora a
salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé. A noite deste
mundo já vai adiantada, o Dia vem chegando” – o Dia é Cristo, Salvação que Deus
nos prometeu e nos preparou! Então:“Despojemo-nos das ações das trevas e
vistamos as armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia” – como
quem vive já agora, durante a noite deste mundo, no Dia, que é Cristo-Deus:
“nada de glutonarias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades, nem de
brigas e rivalidades. Pelo contrário: revesti-vos do Senhor Jesus”. Eis o modo
de vigiar na noite deste mundo, eis o modo de testemunhar que esperamos, na
vigilância, o Salvador que nos foi prometido e virá. É oportuno recordar que
este texto da Carta aos Romanos, foi o que provocou a conversão de Santo
Agostinho, lá no distante século V. A Palavra de Deus é sempre um apelo
gritante e forte para nós! Que ela nos converta também agora!
A grande tentação para os discípulos de Cristo, hoje, é conformar-se com o
marasmo do pecado do mundo, é viver burguesamente, uma vida cômoda e sem uma fé
verdadeira e operante, sem aquela atitude de alegre expectativa por aquilo que
o Senhor nos prometeu. Vamos nos ocupando e distraindo com uma vida fútil,
dispersa em mil bobagens, esquecendo daquilo que realmente importa! Vale para
nós a advertência seríssima do Senhor Jesus: “A vinda do Filho do Homem será
como no tempo de Noé”: Naquele então, todos vivam tranquilamente: “comiam e
bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até que Noé entrou na arca e eles
nada perceberam…” Como agora: vive-se na farra do paganismo, do consumismo, do
relaxamento moral, de tantos absurdos contrários ao Evangelho… e não percebemos
que haverá um juízo decisivo de Deus para nós e para o mundo, um juízo no qual
o bem e o mal, o santo e o pecador, serão separados: “um será levado e o outro
será deixado”… Triste de quem for deixado, triste de quem perder a companhia do
Senhor, nossa paz! Pois bem: logo neste início de Advento, a advertência do
Senhor é dramática: “Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor!
Na hora em que menos pensais, o Filho do homem virá!”
Então, enquanto o mundo dorme no seu pecado, na sua auto-satisfação, elevemos,
humildemente nosso olhar e nosso coração para Aquele que vem: “A vós, meu Deus,
elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado! Não se riam de
mim meu inimigos, pois não será desiludido quem em vós espera!” – Marana thá!
Vem, Senhor Jesus!
* Dom Henrique Soares da Costa
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