Ascensão do Senhor - Domingo 17 de maio de 2015.
Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, e disse-lhes:
“Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for
batizado será salvo. Quem não crer será condenado.
Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão
demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem
algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os
doentes, eles ficarão curados”.
Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e
sentou-se à direita de Deus.
Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os
ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam.
RUMO AO CÉU ...
Os discípulos obedeceram a Cristo e foram para a montanha que ele tinha
designado. Adoraram-no e foram enviados a anunciar o Evangelho. No dia da
Ascensão do Senhor, o cristão percebe que no seu coração há um duplo movimento:
o primeiro, olhar para o céu; o segundo, olhar para a terra.
Nós olhamos para o céu porque pensamos na glória de Cristo,
contemplando-a na fé. Vemos no Cristo glorioso que sobe à direita do Pai toda a
humanidade, a nossa humanidade. A natureza humana nunca tinha sido presenteada
com tão grande dádiva, nem mesmo quando, depois de criada, tinha sido
sobrenaturalmente elevada. Adão antes do pecado, por mais glorioso e cheio de
dons preternaturais que fosse, perderia todo protagonismo diante da glória que
irradia a humanidade santíssima de Jesus Cristo. Não obstante, o primeiro Adão
era uma imagem gloriosa do que Deus queria para o homem. Já conhecemos a
história posterior à criação: o homem desprezou a Deus, pecou, foi expulso do
paraíso, perdeu a graça e divagou pelo mundo. Deus, no entanto, não deixou de
cuidar do ser humano. Mais ainda, foi generosíssimo: decidiu embelezar
novamente o homem e a mulher, mais do que antes. O segundo Adão seria mais
agraciado que o primeiro. E assim foi!
Jesus é verdadeiro homem (novo Adão) e verdadeiro Deus. Como Deus,
nasceu eternamente do Pai, sempre foi glorioso e essa glória não podia
aumentar. Como homem, a sua humanidade foi progressivamente manifestando a
glória que havia recebido do Pai. A ascensão é também o esplendor da glória, a
expansão da graça e a beleza do céu manifestado no ser humano.
Diante de Cristo, que sobe aos céus, os discípulos caem por terra e
adoraram a glória de Deus manifestada na carne do homem Jesus. A sadia
curiosidade nos leva a observar cada um dos detalhes dessa humanidade gloriosa;
vêmo-nos fortemente atraídos a essa realidade e pregustamos o que seremos por
toda a eternidade: filhos no Filho. Já o somos, mas essa realidade ainda deve
manifestar-se em toda a sua plenitude (cfr. 1 Jo 3,2). Quando nos aventurarmos
a observar os detalhes da glória, cairemos por terra: ainda não podemos! A
nossa visão humana tem que receber uma ajuda divina para que isso seja
possível. No momento basta com adorar a Deus? Não! É preciso manifestar aos
outros as maravilhas da graça e da glória.
Esse é o segundo movimento do nosso coração: pensamos nos nossos
irmãos, em todos os seres humanos. Depois de contemplar por um momento o
projeto de Deus para o homem já realizado na humanidade de Jesus e que se
realizará em cada um de nós, temos que perguntar aos nossos semelhantes: o que
vocês estão fazendo? Não percebem, por acaso, ó tardos de inteligência e
endurecidos de coração, que há coisas melhores? Será que não se dão conta que
isso que vocês julgam bom e agradável aos sentidos não satisfaz plenamente o
coração humano? Será que estão cegos: não percebem que os dons da inteligência,
os prazeres da carne, o poder das riquezas, são apenas uma manifestação de que
o coração de vocês tende à felicidade? Deus é essa felicidade!
Não nos escutarão. Talvez não nos ouçam. Frequentemente nos desprezam!
Pensam que somos nós os infelizes, os tristes e os apoquentados porque – dizem
eles –não desfrutamos da vida, não aproveitamos os prazeres, não aproveitamos a
nossa liberdade. Se o cristão não vigiar e não estiver cada dia mais unido a
Deus poderia até acreditar na “felicidade-fantasma” dessas pessoas. Para alguns
a vida se resume em poucas palavras: Drogas! Sexo! Dinheiro! Tá bom, drogas
não; mas as outras duas coisas talvez…
Os homens e as mulheres de bem, aquelas pessoas que sabem o que vale a
pessoa humana de verdade, precisam estar atentas. Não podem ser bobas! Não
podem ter a falsa humildade de não atuar com inteligência e perspicácia neste
nosso mundo. O cristão não pode viver cabisbaixo, triste, melancólico, como se
o mundo e as pessoas não tivessem jeito! Não! Não podemos ser moles, atontados,
frouxos e sem essa “malícia boa” que manifesta que nós somos pessoas prudentes,
oportunas, com capacidade de planejar e de mostrar, de maneira atrativa, o
Evangelho de Jesus aos demais. Parecem que eles só conhecem o seu mundo, as
suas coisas, os seus prazeres, o seu planeta. É hora de mostrar-lhes algo mais
bonito! Acho que é importante pedir a Deus o “dom de línguas” segundo a
interpretação de São Josemaría Escrivá: falar de tal maneira que todos nos
entendam, que a nossa vida seja transmissão da mensagem de Cristo aos outros,
buscar expressar-se de tal maneira que cultivados e menos cultivados
compreendam o que queremos dizer quando falamos de Deus.
Você e eu, queremos ir com Jesus… aos céus! Mas não, devemos ficar
aqui, talvez muitos anos… trabalhar muito. Eles precisam de nós!
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