6º Domingo do Tempo Comum - 16 de fevereiro de 2014.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus.
Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será
condenado pelo tribunal’. Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza
com seu irmão será réu em juízo.
Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo: Todo
aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu
adultério com ela no seu coração.
Vós ouvistes também o que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso’, mas
´cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor’. Eu, porém, vos digo: Não
jureis de modo algum. Seja o vosso ‘sim’: ‘Sim’, e o vosso ‘não’: ‘Não’. Tudo o
que for além disso vem do Maligno”.
_ Palavra do Senhor.
_ Glória a Vós, Senhor!
Hoje escutamos do Senhor: «Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas; […],
não vim para abolir, mas para cumprir». No Evangelho de hoje, Jesus ensina que
o Antigo Testamento é parte da revelação divina: Deus, no início, deu-se a
conhecer aos homens por intermédio dos profetas. O povo escolhido reunia-se aos
sábados na sinagoga para escutar a Palavra de Deus. Assim como um bom israelita
conhecia as Sagradas Escrituras e as punha em prática, aos cristãos também
convém a meditação frequente diária, se possível, delas [Sagradas Escrituras].
Em Jesus temos a plenitude da revelação. Ele é o Verbo, a Palavra de Deus, que
se fez homem (cf. Jo 1,14), que vem a nós para dar-nos a conhecer quem é Deus e
o quanto Ele nos ama. O Todo-poderoso espera do homem uma resposta de amor,
manifestada no cumprimento dos Seus ensinos: «Se me amais, observareis os meus
mandamentos» (Jo 14,15).
No texto do Evangelho de hoje encontramos uma boa explicação sobre isso na
Primeira Carta de São João: «Pois amar a Deus consiste nisto: que observemos os
seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados» (IJo 5,3). Observar os
mandamentos de Deus nos garante que O amamos com obras e verdadeiramente. O
amor não é só um sentimento, senão que também pede obras, obras de amor, viver
o duplo preceito da caridade.
Jesus nos ensina a malícia do escândalo: «Quem desobedecer a um só destes
mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar os outros, será considerado o
menor no Reino dos Céus» (Mt 5,19). Quem diz: «’Eu conheço a Deus’, mas não
observa os seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele» (IJo2,4).
Também ensina a importância do bom exemplo: «Quem os praticar e ensinar será
considerado grande no Reino dos Céus» (Mt 5,19). O bom exemplo é o primeiro
elemento do apostolado cristão. O próprio Cristo cumpria a lei, não para
anulá-la, nem para destruí-la, mas para viver em obediência. Jesus instruiu
Seus seguidores a observar os mandamentos.
Certa vez um jovem, príncipe e rico, aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe:
“Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E respondeu-lhe: ‘Se queres
entrar na vida guarda os mandamentos’”. ( Mt 19, 16 e 17).
Jesus advertiu seus seguidores sobre o perigo de menosprezar a obediência a
Seus mandamentos. Disse ele: “Nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará no
Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt
7, 21). Não basta, para entrar no Reino do Céu, a confissão verbal. É
necessário que se cumpra e que se faça a vontade de Deus revelada. E Jesus
deixou isso bem claro.
A verdadeira obediência é fruto do amor. Paulo, escrevendo aos Romanos 13:10,
assim afirmou: “De sorte que o cumprimento da lei é o amor”. Jesus relacionou
de forma muito clara a ligação do amor e da obediência. Em Suas orientações
finais aos discípulos, pouco antes de Sua morte, Ele disse: “Se me amais
guardareis os meus mandamentos”(Jo 14:15). E “Se guardardes os meus
mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu tenho guardado os
mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço” (Jo 15:10). Com essas
declarações, Jesus não deixa dúvida alguma com respeito a esse assunto. A
obediência genuína tem como fonte geradora o amor. O amor verdadeiro se
manifesta por meio de atos de amor pela obediência.
São João, o apóstolo do amor, em I João 5:2 e 3 escreveu: “Nisto conhecemos que
amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e praticamos os seus
mandamentos. Porque este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos;
ora, os seus mandamentos não são pesados”.
Jesus foi vitorioso em Sua luta contra o pecado, porque estava ligado ao Pai,
de quem buscava poder para vencer como humano. Da mesma forma, a vitória de
Cristo nos é oferecida! Para que ela seja a nossa vitória, necessitamos estar
tão ligados a Jesus, como o ramo está ligado ao tronco.
Ligados dessa maneira a Cristo, produziremos, pelo Seu poder, o fruto da
obediência. Somente se permanecermos em Cristo nos será possível prestar
obediência de coração, fruto do amor.
Voltando ao Sermão da Montanha, no capítulo 5 de São Mateus, encontramos Jesus
apresentando uma dimensão profundamente espiritual dos mandamentos, da lei de
Deus. O povo de Israel estivera tão apegado à forma e à letra da lei, que
perdera completamente o discernimento espiritual que sustentava e sustenta cada
ordenança.
Uma religião legal é insuficiente para pôr a alma em harmonia com Deus.
Puramente o fundamento destituído de contrição, ternura ou amor, é apenas uma
pedra de tropeço. Os que agiram assim nos dias de Jesus eram como o sal que se
tornara insípido. Sua influência não tinha poder algum para preservar o mundo
da corrupção.
O povo de Israel perdera completamente a percepção da natureza espiritual da
lei. Sua obediência não passava de uma mera observância de formas e cerimônias
em vez de ser uma entrega do coração à soberania do amor.
As palavras de Cristo, proferidas no sermão da Montanha, conquanto fossem
serenas, eram ditas com sinceridade e poder tais que moviam o coração do povo.
De pronto se admiravam e percebiam que “ensinava como tendo autoridade”.
O Salvador, com Seu divino amor e ternura, exaltava a majestade e beleza da
verdade. Com branda, mas profunda influência, os homens eram atraídos para
ouvir e aceitar Seus ensinos.
De igual maneira hoje, se olharmos para a lei como um fim em si mesma, nos
tornaremos formais, praticantes de uma religião cerimonial destituída de
alegria. Mas quando olhamos para a lei e vemos nela algo que aponta nossa
necessidade de Jesus, e encontramos n’Ele o Salvador que nos perdoa e nos
capacita a viver de acordo com Sua vontade nos tornamos cristãos felizes na
mais completa acepção da palavra.
É essa dimensão espiritual que Cristo resgatou em Seus ensinamentos e da qual
nós necessitamos para revitalizar nossa vida religiosa.
Pai, livra-me do perigo de reduzir minha obediência aos Teus mandamentos à
execução mecânica de gestos exteriores. Revela-me, cada vez mais profundamente,
a Tua vontade, como o fez a Jesus. Que Ele seja hoje e sempre o meu exemplo de
obediência à Tua Palavra viva na Lei e nos profetas de hoje! Amém!
* Padre Bantu Mendonça
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