VII Domingo Comum - 23 de fevereiro de 2014.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Vós ouvistes o que foi dito:
‘Olho por olho e dente por dente!’
Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém
te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda!
Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o
manto!
Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele!
Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado.
Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’
Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!
Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz
nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos.
Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os
cobradores de impostos não fazem a mesma coisa?
E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os
pagãos não fazem a mesma coisa?
Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!”
- Palavra da Salvação.
_ Glória a Vós, Senhor!
NÃO ENFRENTEIS QUEM É MALVADO ...
Eu vos digo: não enfrenteis quem é malvado.
Neste Evangelho, Jesus nos ensina como devemos nos comportar diante das pessoas
malvadas e violentas. Não são elas que vão determinar o nosso modo de agir.
Somos nós mesmos que escolhemos o nosso comportamento. Não é porque essas
pessoas nos tratam com falta de educação, que vamos tratá-las da mesma forma.
Se o fizermos, perderemos até o direito de reprová-las, pois fizemos a mesma
coisa!
Essa atitude proposta por Jesus – de oferecer a outra face a quem nos bate etc
– desarma o nosso inimigo, cortando de vez o círculo infernal da violência e da
vingança. Esse é o único meio eficaz de reconstruir a paz, depois que ela foi
quebrada pela violência.
“Pagar com a mesma moeda” uma agressão recebida é tomar um malvado por nosso
mestre, pois o imitamos. Essa atitude nos torna piores que o agressor, porque
ele fez aquilo num momento de raiva, e nós não. Ele não fez por vingança, e nós
o fazemos.
Agora, oferecer a outra face, dar também o manto e caminhar dois quilômetros
para quem nos obriga injustamente a caminhar um, são atitudes contrárias às do
malvado, e que o levam a uma revisão e, quem sabe, à conversão.
Não podemos julgar ninguém, porque não sabemos o que se passa no interior de
cada um. E o nosso perdão não tem limites. Não só sete vezes, mas setenta vezes
sete. O nosso amor deve ser universal, incondicional e sem limites, como Deus
que é amor.
Havia, certa vez, duas moças irmãs que estudavam na cidade. A família morava na
roça. Um dia, infelizmente, elas se desentenderam, e uma foi morar em outro
bairro, bem distante da sua irmã. E as duas não se comunicaram mais. Até as
visitas à família eram feitas em dias diferentes, para não se encontrarem. Os
pais estavam preocupados com a situação, e rezavam
.
Um dia, a família teve uma ideia: todos da casa se reuniram e escreveram uma
carta para cada uma. Mas, fingindo distração, trocaram a segunda folha da
carta. Quando as duas receberam, logo perceberam o engano. Uma delas, mais
curiosa p saber o conteúdo da outra folha, telefonou à sua irmã. Esta confirmou
o engano e as duas se encontraram para trocar as páginas. Pronto, voltaram a se
relacionar normalmente.
Nós também temos uma bela carta de Deus. Mas esta carta está incompleta, falta
uma página, que está com o nosso irmão. E para ele ou ela também falta uma
página, a qual está conosco. Mesmo que tenhamos alguma rixa, precisamos
superá-la e nos encontrarmos, para trocar as páginas, que são os tesouros de
conhecimentos que o Espírito Santo nos dá.
No último versículo do Evangelho de hoje, Jesus nos lembra a obrigação que
temos de atender às necessidades do nosso próximo, seja ele quem for: “Dá a
quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado”. Quem pede
alguma coisa, ou pede emprestado, é porque está precisando, e não podemos
recusar.
A mãe nunca é vingativa, muito menos ela se vinga dos filhos. Que Maria
Santíssima nos ajude a seguir essas orientações do seu Filho.
AMAI OS VOSSOS INIMIGOS ...
Neste Evangelho, Jesus nos pede também, para amarmos os nossos inimigos. E ele
baseia o pedido na frase: “Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos
céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre
os justos e injustos”. Os filhos se parecem com os pais; nós precisamos ser
parecidos com o nosso Pai do Céu. E no final deste Evangelho, Jesus fala: “Sede
perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.
A nossa meta é arrojada, alta e bonita: ter Deus Pai como modelo de vida e
imitá-lo. Ser cada vez mais parecidos com ele. E Jesus é para nós a “imagem de
Deus invisível”. Imitar a Deus é imitar a Jesus, nosso caminho, verdade e vida.
Quem pensa que já alcançou esta meta, é sinal que está bem longe dela, porque o
amor de Deus é infinito.
Todos temos inimigos. São aquelas pessoas que nos fazem o mal, que nos
prejudicam, que nos detestam, que são ruins para nós. O que faz a diferença do
cristão é o amor a essas pessoas. Amor prático, manifestado na oração por elas
e por fazer bem a elas. A própria oração pela pessoa nos acalma e desperta em
nós o amor a ela.
Em seguida, Jesus se refere à obrigação que temos de dar testemunho, tendo um
comportamento “extraordinário”, em relação ao comportamento do mundo pecador:
“Se amais somente aqueles que vos amam... E se saudais somente os vossos
irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa?” O
nosso comportamento no mundo deve ser extraordinário, porque o comportamento
“normal” do mundo pecador é amar os amigos e detestar os inimigos. Esse comportamento
diferente nos torna luz, sal e fermento no meio de Deus no mundo.
Como os nossos inimigos geralmente não reconhecem o bem que lhes fazemos, Deus
reconhece e nos recompensará. E a recompensa de Deus nós conhecemos: é uma
medida cheia, sacudida e transbordante, quer dizer, é muito maior do que a ação
boa que fizemos
“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados;
perdoai e sereis perdoados. Daí e vos será dado. Uma medida boa, socada,
sacudida e transbordante será colocada na dobra da vossa veste, pois a medida
que usardes para os outros, servirá também para vós” (Lc 6,37-38)
.
Havia, certa vez, um homem que era muito bravo e violento. Andava sempre com um
revólver na cintura, e do outro lado uma faca. Todo mundo no bairro tinha medo
dele. A esposa tentava mudá-lo, mas não conseguia. Então ela arrumou um terço,
deu para ele e disse: “Só peço uma coisa para você: Ande sempre com este terço
no bolso. Não o abandone para nada”. O homem começou a carregar o terço, o
revolver e a faca. Tempo depois, ele largou o revólver e ficou com a faca de um
lado e o terço do outro. Ele dizia para a esposa: “A faca eu carrego porque
preciso dela de vez em quando para descascar uma laranja etc”. A esposa ficou
calada e continuou rezando. Logo ele deixou também a faca e ficou só com o
terço.
Quem conta essa história é o próprio filho desse homem. E ele concluiu dizendo:
“Foi assim que meu pai morreu, como um homem pacífico e bom”. Nossa Senhora é
mãe. Devagarinho, ela vai mudando os corações dos seus filhos e filhas. Se
carregar o terço já é bom, imagine rezá-lo!
“Quem semeia ventos colhe tempestade” Quem semeia paz, colhe paz e alegria.
Maria Santíssima não semeou ventos, e sim paz, pois nos deu o seu Filho Jesus,
a própria paz encarnada. Por isso foi coroada como Rainha. Rainha da paz, rogai
por nós!
Amai os vossos inimigos.
* Pe. Antônio Queiroz
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