VIII Domingo do Tempo Comum / 02 de março de 2014.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem nem ajuntam em
armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis
mais do que os pássaros?
Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se
preocupar com isso?
E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do
campo: eles não trabalham nem fiam.
Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu
como um deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e
amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé?
Portanto, não vos preocupeis, dizendo: ‘O que vamos comer? O que vamos beber?
Como vamos nos vestir? Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que
está nos céus, sabe que precisais de tudo isso.
Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e
todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo.
Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá
suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas”.
_ Palavra da Salvação.
_ Glória a Vós, Senhor!
HOJE!
Quando se pensa seriamente na vida, percebemos, não necessariamente através de
profundos raciocínios, de que vale a pena aproveitar o hoje da nossa existência
fazendo o bem. O que acontecerá amanhã? Ninguém pode me assegurar uma resposta.
O passado já não nos pertence. Aquilo que fizemos de bem, ficou para trás,
ainda que perdure o mérito; aquilo que tenhamos feito mal, também ficou para
trás e também perdura o demérito da situação concreta. Não obstante, podemos
aproveitar a experiência de vida alcançada, seja com ocasião de um bem
realizado, seja com ocasião de um mal executado. Existe um ditado que diz que
“errar é humano”, há uma segunda versão que diz que “errar uma vez é humano,
errar duas vezes é burrice”. É possível unir os dois num só: “errar é algo
muito humano, não importa quantas vezes; burrice é não querer sair do erro”.
São Josemaría Escrivá, ao começar um novo ano, em vez de dizer o famoso ditado
“ano novo, vida nova”, como bom conhecedor da natureza humana que era, fazia
uma pequena alteração no ditado popular: “ano novo, luta nova”. O que é
inteligente e bonito é querer sair do erro! A permanência do frescor da luta é
uma maravilha da graça. Para quê? Para amar mais a Deus, para ser melhores,
para servir mais. Esse é o nosso caminho… Durante toda a vida! E nem importa
tanto se temos tantas ou quantas vitórias, o mais importante é continuar
lutando.
Serei melhor no futuro? Deixarei esse ou aquele vício? Conseguirei essa ou
aquela virtude? Meditarei melhor a Palavra de Deus? Conseguirei estar mais
disponível para os meus irmãos? Suportarei melhor determinada pessoa? Serei
mais rico ou mais pobre? Conseguirei levar a cabo aquele projeto evangelizador?
… As perguntas poderiam multiplicar-se. O futuro, no entanto, está nas mãos de
Deus.
O importante é continuar lutando. Chega um momento na vida interior em que essa
verdade faz-se cada vez mais patente. No começo do nosso encontro com Deus, as
coisas pareciam mais fáceis: alegrias e consolações interiores, força de
vontade para extirpar os maus hábitos, a convicção diáfana de que acertamos o
caminho, o desejo de servir a todos, a posta em prática de uma tarefa
evangelizadora que alcançava o maior número possível de pessoas. Com o passar
dos anos, quiçá nós percebemos que os frutos foram escassos e, talvez, nesse
momento, pôde ter vindo o desânimo: tantos anos lutando contra um determinado
defeito, poucas pessoas se aproximaram de Deus, ainda existe o egoísmo e os
defeitos dos membros da Igreja. O que o diabo quer é que desanimemos!
O nosso desânimo é vitória para o demônio. E nós não podemos conceder-lhe essa
vitória. O desânimo poderia ser o começo de uma enfermidade que, de mal a pior,
vai esfriando a alma a tal ponto de colocá-la numa situação de desespero que
poderia levar ao abandono da própria salvação eterna.
É muito importante que tenhamos presente essas palavras do Senhor que nos
estimulam a seguir adiante: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua
justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis,
pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias.
A cada dia basta o seu cuidado” (Mt 6,33-34). O que devemos buscar em primeiro lugar?
O Reino de Deus. Esse reino inclui a glória de Deus e todo o bem que uma pessoa
pode desejar para si e para os demais. Buscar o Reino também significa não
preocupar-se com o dia de amanhã. Como? E a previsão das coisas? O Senhor diz
que não nos preocupemos, mas não proíbe ocupar-nos. Claro que se pode ter certa
previsão das coisas e atuar em consequência; não podemos, no entanto, ser
consumidos pelas dificuldades da vida.
Nem a nossa perfeição cristã deve preocupar-nos: vamos ocupar-nos em buscar a
santidade, mas não nos preocuparemos, não vamos estar alienados com o tema. Não
aconteça que ao buscar os bens de Deus nos esqueçamos do autor desses bens.
A vida cristã implica normalidade. Trata-se de que vivamos o hoje do nosso
serviço a Deus, o hoje da nossa luta e o hoje do nosso serviço aos demais. O
amanhã pertence a Deus que, desde a sua eternidade, não contempla passado e
futuro, mas os une na sua visão clara do hoje eterno. Deus quis que fôssemos
livres para amar, e para amar hoje. O que eu vou fazer no dia de hoje para
viver melhor a caridade, para estar mais serviçal e generoso, para dar glória a
Deus, para buscar a santidade, para dar alegria aos outros e para levá-los ao
encontro com Deus? É isso o que importa! Hoje!
Padre Françoá Costa - www.presbiteros.com.br
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