30ª Semana do Tempo Comum - Domingo, 26 de outubro de 2014..
Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?».
Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?».
UM ÚNICO MANDAMENTO. UM ÚNICO AMOR ...
O evangelho deste dia nos apresenta um confronto de Jesus com os fariseus. Uma vez mais precisamos nos situar no contexto da época para entender melhor a palavra de Jesus.
Existiam entre os rabinos diferentes tendências sobre o que era o eixo da Lei. A mesma Lei que tinha surgido para "custodiar" a Aliança entre Deus e seu povo se converteu numa carga pesada para ele.
Constava de 613 mandamentos, 365 formulados negativamente: "não pode isso, não pode aquilo", e 248 formulados de maneira positiva: "faça tal coisa... cumpra isso ou aquilo...". Para o povo simples era uma exigência quase impossível de cumprir, sem possibilidade de lembrar cada um dos mandamentos e seus requisitos.
Lembremos que nessa época, como também acontece hoje em nível mundial, muitas pessoas eram analfabetas. Daí que aprender de cor tudo isso não era tão fácil.
Por isso, alguns rabinos consideravam que era necessário simplificar a Lei e procurar-lhe um princípio central, uma chave de interpretação.
Lembramos o discurso do encerramento do Sínodo dos Bispos, no sábado, 18 de outubro, onde o Papa Francisco identificou cinco tentações. Entre elas, fala sobre “a tentação dos zelosos, dos escrupulosos, dos cuidadosos e dos assim chamados – hoje – ‘tradicionalistas’ e também dos ‘intelectualistas’”.
No texto evangélico os que perguntam: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?", consideravam que o resumo da Lei era a observância do sábado, o qual se tinha convertido num dia lúgubre, cheio de prescrições que impediam as pessoas de se mobilizar, cozinhar e até auxiliar o necessitado.
Ao responder: "Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo," Jesus dá como chave de interpretação da Lei, o amor a Deus e ao próximo, dando uma reviravolta na mentalidade da maioria dos judeus.
O que é para mim central na minha vida de fé? Se tivesse que resumi-la numa frase, qual escolheria?
Ao dizer que o segundo mandamento é semelhante ao primeiro, Jesus os unifica, não existe separação entre o amor verdadeiro a Deus e ao próximo. O amor do evangelho tem como centro Deus e o ser humano, amores inseparáveis, que se fundem em um!
Como nos faz lembrar Enzo Bianchi e Massimo Cacciari no seu livro "Ama o teu próximo": esse é o mandamento que ilumina "toda a Lei e os Profetas"
Diversos trechos do evangelho nos mostram essa unidade entre o amor a Deus e ao irmão/ã. O amor a Deus nos leva a amar o ser humano como Ele o ama.
Lembremos, por exemplo, do lava-pés. Ao terminar esse gesto supremo de amor e serviço, o Mestre disse: "assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros" (Jo 13,34).
Assim como quando amamos o ser humano, estamos amando a Deus, "todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos foi a mim que o fizeram" (Mt 25,40).
Jesus levou à plenitude esse único amor ao Pai e seus filhos/as com sua vida, morte e Ressurreição.
Muitos discípulos e discípulas de Jesus têm vivido esse amor até as últimas consequências, manifestando sua fidelidade a Deus no seu compromisso com os homens e mulheres de seu tempo, doando generosamente sua vida para que todos/as possam viver a dignidade e liberdade de filhos/as de Deus.
Sabemos hoje o que acontece com os cristãos na Síria, como soubemos do padre Paolo Dall’Oglio ou também aqui com as pessoas que por exemplo buscam a defesa dos direitos territoriais dos povos indígenas como o D. Erwin Krautler. Alguns foram assassinados porque sua opção pelos pobres e pela justiça incomodava interesses econômicos e políticos, como foi o caso das três religiosas anciãs italianas em Kamenge, ao norte da capital Bujumbura.
Estes são alguns nomes entre muitos que fazem o Reino de Deus crescer nesta terra, porque o eixo do reino de Deus é o amor filial a Deus e a solidariedade e justiça entre os homens e mulheres.
Assim como a vida de Jesus, a vida daqueles/as que vivem como ele é um convite a sacudir nossa passividade, a recuperar a indignação ética diante da situação injusta deste mundo chamado moderno e civilizado, e a voltar ao essencial da proposta de Jesus, do evangelho, do mandamento ao Amor.
VENTO DE DEUS
Tu que sopras onde queres,
Vento de Deus dando vida,
sopra-me, sopro fecundo!
Sopra-me vida em teu sopro!
Faze-me todo janelas,
olhos abertos e abraço.
Leva-me em boa Notícia
sobre os telhados do medo.
Passa-me em torno das flores,
beijo de graça e ternura.
Joga-me contra a injustiça
em furacão de verdade.
Deita-me em cima dos mortos,
boca-profeta a chamá-los.
* Dom Pedro Casaldáliga
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