16 de setembro de 2011

* Palavra.


Para escrever é preciso saber: o valor de cada palavra e a essência que ela carrega. É preciso saber de onde ela vem, as transformações porque passou no decorrer do tempo e o que ela carrega em si. Que marcas o tempo lhe deixou. 
 

A palavra é extremamente sensorial: tem som, cheiro, cor, textura, sabor, sentimento, emoção.


Uma palavra pode ter muitos sentidos, por isso, ela não pode andar solta por aí. A palavra tem até espaço, duvida?


Às vezes ela cabe direitinho no que queremos dizer, outras vezes, não. Fica estranha, parece um peixe fora d'água. Aí, precisamos procurar outra palavra. E quando ela confunde a gente? Aposto que já aconteceu com você. Eu já perdi até a conta das vezes que aconteceu comigo. Mas não vamos para os números agora. Que aí é outra história e seria outra crônica.


Eu já ouvi tanta palavra por aí. Palavra que liberta. Palavra que magoa. Palavra doce. Palavra amarga. Palavra de amor. Palavra de paz. Há palavra que escapa, e acaba se perdendo pelo mundo afora. Mas há palavra que fica martelando em nossa cabeça. Umas ficam bem perto do coração, pois entram nele, sem cerimônia alguma. E ficam anos e anos. Espero que sejam boas as palavras que você carrega em seu coração.

* (Texto da irmã Maria Goretti de Oliveira)


Para o comunicador cristão que mergulha em Deus-Comunicação, existe um modelo perfeito que é Jesus Cristo, comunicador do Pai. E ele é base da vida e da ação de quem faz comunicação cristão, justamente, porque, n’Ele  não há contradição entre meio e mensagem.


Jesus Cristo é “Palavra que se fez carne” (Jo 1, 14). É mensagem que se fez meio, é teoria que se fez prática, é idéia que se fez atitude, é discurso que se fez ação de amor no meio do mundo.


Na comunicação de Jesus não há contradição, não há limites entre céu e terra, entre história e eternidade. Tudo n’Ele é simbiose perfeita, é síntese. As rupturas comunicacionais existem tanto quanto mais existe distanciamento da Pessoa de Jesus Cristo. O comunicador que se aproxima dele, afasta-se da contradição.


“E habitou entre nós” (Jô 1, 14). Jesus não é comunicação distante, fria, acética. É comunicação próxima, encontro com a natureza humana, olho no olho da realidade de cada homem e mulher. É comunicação que não se fez e faz a  partir de um a priori , mas se realiza na verdade do outro, tendo como ponto de partida o olhar do outro. É comunicação misericordiosa.


Misericórdia significa sentir com o sentimento alheio, estar próximo da miséria do coração do irmão. Jesus é esta proximidade de Deus. “Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus. Ele, existindo de forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano. Humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de Cruz!” Para habitar entre nós ele esvaziou-se, empobreceu-se, despojou-se da sua condição divina.


Para comunicar segundo a proposta de Jesus Cristo é preciso descer das riquezas, das verdades, das certezas. É preciso tornar-se pobre para dialogar com os pobres, é preciso tornar-se outro para estabelecer conexão com os outros.


Um projeto evangélico do fazer comunicação não pode prescindir  desse descer, desse esvaziar-se. Não pode ser comunicação “para”. Só pode ser comunicação “com”. Construída em mutirão, feita em comunidade, com linguagem popular e metodologia participativa. É comunicação arriscada, pois construtora de verdade a partir do coletivo, do nós, na contramão da comunicação do mundo que tem como ponto de partida uma um emissor soberano da verdade.
Na contemplação do Verbo que se fez carne, empobrecendo-se para estar com as pessoas, só pode emergir uma comunicação inclusiva, harmoniosa e gregária.  Comunicação que constrói um todo a partir de cada um. O comunicador cristão aprende do Cristo ou, inevitavelmente, fará a comunicação de si mesmo e não do Evangelho.


* (Padre Manoel de Oliveira Filho - Coordenador Arquidiocesano de PASCOM)

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